Flôr No Caixote

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MIMO E PRIMAVERAS

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domingo, 6 de novembro de 2011

O papel e a orquídea


Kelly Baêta – Especial para O JORNAL
A princípio, o título da exposição: “Jardim do Ébano III – o papel do artista e a beleza das orquídeas” nos convidam a mergulhar num questionamento profundo a respeito de qual é o verdadeiro papel do artista. Papel esse, que Achiles Escobar vem esculpindo de forma heróica, provando não ser à toa que o guerreiro das artes carrega o nome de um dos mais corajosos heróis gregos. Ele, junto com a orquidófila Sterpaula Coutinho se uniu para mostrar, através da exposição de orquídeas e esculturas em papel marche, o amor pela arte, pela educação e pela natureza. A mostra será aberta Museu do Memorial à República, na Praia da Avenida
Quase três décadas dedicadas às artes visuais, inúmeras exposições individuais e coletivas, além de iniciativas e desenvolvimento de projetos culturais dentro da arte-educação ilustram o currículo do artista multilinguagem Achiles Escobar, único a manter um ateliê aberto à comunidade no Jaraguá. A empresária Sterpaula Coutinho é formada em Pedagogia, mas sua paixão pelas variadas formas, cores e tamanhos das orquídeas lhe transformaram numa colecionadora da planta. A orquidófila, além de colecionar as centenas de espécies de orquídeas na sua fazenda, em Jequiá da Praia, litoral sul de Alagoas; tem como reconhecimento do seu trabalho, prêmios em exposições internacionais e bons negócios com perfumistas brasileiros e investidores japoneses.
A união de Achiles e Sterpaula já renderam duas exposições, sendo o Jardim do Ébano III, a terceira empreitada da dupla. Nesta mostra, que permanece até o dia 20 deste mês, eles expõem esculturas utilizando a técnica da papietagem e do papel marchê. Entre os personagens das esculturas estão boi de carnaval, arlequins, colombinas, máscaras, castiçais, caixinhas porta jóias e anjos; as orquídeas entram para compor o Jardim do Ébano, junto com a escultura mais importante da mostra, segundo o artista. “A dançarina é a peça fundamental dessa exposição. Ela é a protetora da alegria”, diz Escobar.
ARTE EDUCAÇÃO – Numa era caracterizada por avanços tecnológicos, principalmente na área de comunicação e informatização, Achiles procura desenvolver em seu trabalho, aspectos que integrem a arte, a educação e o meio ambiente, numa proposta interdisciplinar vinculada à linha de pesquisa desde a cultura popular nordestina até as artes na sociedade contemporânea.
“A arte nos permite por intermédio de projetos elaborados cuidadosamente, trabalhar diversas áreas do saber, facilitando a compreensão e o desenvolvimento do indivíduo”, explica Achiles.
As técnicas do papel marche e da papietagem possibilitam o artista transformar o lixo urbano – neste caso o papel -, em objetos de arte com funções utilitárias, afinal suas esculturas contam um pouco da história da cultura popular de Alagoas.
“A escolha do tema da exposição tem o objetivo de chamar atenção para a importância de preservar não somente as riquezas tradicionais, culturais, memória, olhares, saberes e fazeres da cultura popular alagoana, mas também a natureza. Chamar atenção para um planejamento do futuro para as próximas gerações”, explica Sterpaula Coutinho.
TRAJETÓRIAS – Difícil conversar com alguém da cena alagoana que não conheça e reconheça o talento do paranaense de 42 anos, nascido no interior de Cambara. Único artista a manter um ateliê aberto em Jaraguá, Achiles Escobar tornou-se referencia no bairro histórico.
O Tendão do Achiles, como e chamado o ateliê – que fica em sua residência -, já formou cerca de 300 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, nas mais diversas linguagens das artes: pintores, escultores, grafiteiros, designers, percussionistas e agentes culturais.
Dentre os projetos que integram o seu currículo estão em destaque: a formação da primeira manifestação popular de rua do bairro do Jaraguá, o bloco carnavalesco Jaraguá é o Bicho, a revitalização do carnaval de Marechal Deodoro com a decoração, a construção dos adereços, de bonecos gigantes e oficinas de boi de carnaval, entre outros.
Sterpaula Coutinho é natural de Recife – Pernambuco, mas mora em Alagoas há mais de 20 anos, desde o seu casamento. A orquidófila coleciona espécies das plantas que vieram da Ásia, Flórida, China, Foz do Iguaçu, São Paulo, Rio de Janeiro e das matas que cercam sua propriedade. Engajada em causas sócio-ambientais, ela planeja promover o reflorestamento da mata ciliar com orquídeas, aproveitando a luz natural, o vento e a umidade.

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